Autor(a): Alice Kuipers
Editora: WMF Martins Fontes
Número de páginas: 240
Avaliação: ☆ ☆ ☆ ☆ ☆
Claire, de 15 anos, e sua mãe têm uma rotina muito atribulada. Nos raros momentos em que a mãe está em casa (ela é obstetra), a filha está na escola, com amigos ou com o namorado. Resultado: as duas quase não se veem e se comunicam deixando recados na porta da geladeira. Esses recados vão desde cobranças banais [Oi, MÃE! (Que eu NUNCA MAIS vi!)] até revelações tocantes e contundentes por parte de mãe e filha durante o penoso tratamento do câncer de mama da mãe, num ano que se revelará decisivo para as duas. Em seu romance de estreia, Kuipers capta a ansiedade por trás da tragédia e revela a importância de viver a vida intensamente, lembrando ao leitor a necessidade de encontrarmos tempo para as pessoas que amamos mesmo em momentos de dificuldade e desafios.
Minha Opinião:
Esse é um daqueles livros
simples, de leitura rápida, mas que quando você termina de ler não se esquece
dele facilmente, ele também pode não ser aquele tipo de livro que vai te ganhar
pela capa ou pelo titulo, mas que quando você finalmente der uma chance e ler,
vai se emocionar com a história.
Ele fala principalmente sobre
a falta de tempo para a família, para a vida e
as consequências de "viver" assim. O livro não tem
narrador específico nem personagens secundários, a Claire e sua mãe
são as protagonistas do livro e a história gira em torno da vida corrida das duas,
Claire é uma adolescente normal como qualquer outra, passando pelos sentimentos
confusos e distrações da vida e sua mãe é uma médica obstetra com uma
rotina ocupadíssima e essa correria na vida de ambas faz com que as
duas nem se encontrem durante os dias dentro de casa, resultando em
"conversas" através de uma troca constante
e incessante de bilhetes grudados na porta da geladeira.
Como eu disse, não há um narrador "padrão", o foco
da narrativa é o relacionamento entre mãe e filha, o narrador pode ser o
diálogo das duas através da troca de bilhetes e a autora desenvolveu
muito bem como essa situação do relacionamento entre mãe e filha funciona, a
sutileza e emoção que a gente observa e sente nesses pequenos recados é tão
tocante, você realmente sente cada um
desses bilhetes quando os lê.
O livro no começo parece um pouco confuso, pois o estilo adotado pela autora é
diferente de qualquer outro livro, mas no decorrer das páginas (dos bilhetes)
você é tão envolvida e tocada pela vida de ambas que não consegue parar de ler,
eu, por exemplo, quando estava lendo queria entender o motivo de tantos
desencontros e falta de tempo na vida de Claire e sua mãe, mas quando a mãe
adoece a gente acompanha o difícil tratamento da mãe e a reflexão de
ambas sobre quanto tempo elas perderam, tempo que poderiam ter passado juntas,
conversado mais e vemos como elas passam a compreender melhor os sentimentos da
outra.
Eu
realmente adorei esse livro, com pouco mais de 250 páginas conseguiu me
emocionar, me fazer rir e refletir também. A autora conseguiu sem dificuldades
fazer um belo livro, a forma como ela consegue através de bilhetes
tão.. banais do dia-a-dia descrever uma relação, os sentimentos e a
rotina de mãe e filha é linda, tocante e envolvente, a mensagem do livro é
maravilhosa, uma lição. Eu adorei de verdade e sem dúvidas recomendo a leitura
de A Vida na Porta da Geladeira.
"Quando a estrada virar,Estaremos juntas,Fazendo a curva,Apoiando-seUma na outra, como mãeE filha,E mãe.A Sra. Manda disse que o jornal da escola vai publicar o poema. Acho quequero ser escritora quando crescer.Com amor, Claire"
[...]
"Ainda está cedo, Claire, mas fiquei pensando por um longo tempo. Pensandoem mim e em você, e no seu pai. Parece que, depois do divórcio, você teveque amadurecer mais depressa do que eu esperava. Olhe quantas comprarvocê fez, quantas refeições preparou, e agora está cuidando de mim. Sei que aGina está ajudando, mas você tem me apoiado tanto, que me pergunto se fiz obastante por você.Fui uma boa mãe? É o tipo de pergunta que toda mãe quer fazer, mas nãoconsegue, por falta de oportunidade. Ou falta de coragem.Eu te amo,Mamãe"
Beijos!
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